sexta-feira, 16 de julho de 2010

Amanda Baggs

Postado por: Marilia Ribeiro Mascarenhas (Avó do Alexandre)

Amanda Baggs é uma mulher que tem autismo. Deve ter uns  30 anos, não fala, é feia e desajeitada, cheia de comportamentos repetitivos estranhos e aparentemente bizarros. No youtube há um clipe dela, chamado My Life.  É lindo! Tem cerca de 10 minutos de duração e foi visitado tantas vezes que em março de 2008 a revista  norte americana Wired fez uma  longa reportagem com ela.
Essa mulher que não fala, usa roupas meio esquisitas, não faz contato visual e  precisa de ajuda para realizar pequenas tarefas como tomar banho, é capaz de se comunicar através de um computador numa linguagem rica e bem articulada. Ela digita 120 palavras por minuto e seus textos são reproduzidos pelo Dyna Vox, numa voz sintetizada (é o que a gente ouve na segunda parte do vídeo, chamada  " Tradução"). Isso mesmo: ela, que precisa de ajuda para fazer o seu próprio almoço, consegue escrever textos belíssimos e provocativos, que vêm chamando a atenção  não só dos internautas autistas (que fazem parte de uma comunidade altamente informatizada), como também, de cientistas, educadores,  estudiosos e curiosos.
Algumas frases "ditas" por Amanda Baggs na entrevista concedida à revista Wired::
"Tenho dito milhares de vezes que não sou prisioneira em meu próprio mundo". 
"Essa forma de estímulos não verbais constituem minha 'língua nativa'. Isso não é melhor nem pior do que a língua falada. Já a minha falha na linguagem é vista como deficiência, enquanto a falha de outras pessoas em aprender 'minha língua' é vista como natural e aceitável."
"Havia um considerável número de web sites do orgulho gay. Eu invejava aquela quantidade e desejava que houvesse algo igual para o autismo. Agora há. A mensagem: Nós estamos aqui. Nos somos esquisitos. Habitue-se a isso."
Na reportagem, Amanda Baggs informa que está preparando outro clipe ao som de "Under Pressure", do Queens (é... além de inteligente ela tem bom gosto!). É uma montagem de imagens mostrando comportamentos como apertar o botão da caneta ininterruptamente, girar os polegares, batucar com os dedos na mesa. A mensagem: por que alguns comportamentos de estresse são socialmente aceitáveis enquanto outros, como os comumente associados ao autismo, não são? 
O fim da reportagem é que é mais maravilhoso. A repórter pergunta: "O autismo deve ser tratado?"
A resposta de Amanda Baggs: "Sim, deve ser tratado com respeito. As pessoas não estão interessadas em que nós funcionemos com o cérebro que temos, porque o autismo é encarado como fora da normalidade. O importante é que nós encontramos força onde outros normalmente encontram deficiências."
Idéia provocativa... mas... ela tem razão.  


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